"O presidente negro", de Monteiro Lobato - Dica de Leitura

03/08/2021

Indicação de leitura feita pelo Professor Jairo 


"O presidente negro" (Monteiro Lobato, 1926). Uma excelente obra para entender o que era a Eugenia e como o racismo buscava sustentação científica no início do século XX.

SOBRE O LIVRO

Em O Presidente Negro ou Choque das Raças (Editora Globo, 2008), publicado originalmente em 1926, Monteiro Lobato, neste seu único romance adulto e de ficção científica, constrói uma narrativa que se passa em dois momentos distintos: em 1928 e no ano de 2.228, ou seja, trezentos anos no futuro.

Na obra, Lobato afirma que a segregação como implantada nos Estados Unidos é a melhor saída para o "problema" de, na dos EUA e do Brasil, trazer o negro para a América, quando deveria ter permanecido na África. Aqui Lobato faz um crítica direta ao antropólogo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, João Batista de Lacerda, que em um texto publicado em 1911 (Sur les Métis au Brésil / Paris, Imprimerie Devouge) desenvolveu suas idéias sobre o branqueamento futuro da população brasileira, que aconteceria até o início do século XXI.

Mesmo esta teoria, extremamente racista, não era o suficiente para as pretensões eugênicas de Lobato. Em um trecho de O presidente negro o autor declara "A nossa solução foi medíocre. Estragou as duas raças, fundindo-as. O Negro perdeu as suas admiráveis qualidades físicas de selvagem e o branco sofreu a inevitável penhora de caráter".

No romance, entretanto, ele postula uma solução eugênica para o Brasil: no futuro as regiões sul e sudeste se uniram à Argentina e ao Uruguai para formar a grande República Branca do Paraná, enquanto as regiões norte e nordeste foram entregues aos negros, índios e mestiços. Já os americanos, agora com um presidente negro, não se sujeitariam em dividir sua nação ou ferir sua constituição expulsando ao negros para a África, assim neste país a solução foi de outra magnitude.

O presidente negro, ainda hoje, é uma leitura importante, principalmente pelo fato de o autor não tentar esconder seu racismo, sob o manto de uma pretensa democracia racial. O livro de Lobato sintetiza um pensamento racista dominante na época, mas muitas vezes escondido em malabarismos retóricos. É um material indispensável para entender o pensamento racista que permeava a sociedade brasileira no início do século XX.

Fonte: Portal Geledés 

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